terça-feira, 28 de junho de 2011

HPV

O HPV (vírus do papiloma humano) tem a capacidade de infectar a pele e as mucosas e apresenta vários subtipos designados por um número. As doenças provocadas pelo vírus podem ser benignas (verrugas genitais ou noutros locais do corpo e lesões nas vias respiratórias) ou malignas (cancro do colo do útero, vagina, vulva, ânus, pénis, boca e garganta). É possível agrupar os vírus que infectam a região anogenital em função do risco de provocarem cancro: alto risco ou oncogénicos (subtipos 16, 18, 31, 33 e 45, por exemplo), baixo risco (6 e 11, por exemplo) e risco intermédio.
A indução de uma neoplasia pelo HPV é explicada pelo facto de o vírus possuir genes que, após a infecção de determinado indivíduo, começam a ser transcritos; dessa transcrição resultam proteínas que vão inibir a morte controlada e normal das células (apoptose) e estimular as células atingidas a se multiplicarem desenfreadamente.
A actividade sexual é a via de transmissão mais frequente e, por sua vez, o HPV é a infecção sexualmente transmissível mais frequente. O preservativo não é totalmente eficaz na prevenção do contágio e a transmissão do HPV não implica um acto sexual com penetração. A transmissão materno-fetal, o contacto directo não sexual e a partilha de objectos como toalhas de banho constituem formas raras de propagação viral.
Quase todas as pessoas, ao longo da sua vida, contactam com pelo menos um subtipo do HPV. Em condições normais o sistema imunitário é capaz de eliminar o vírus. Quando as células de defesa são incapazes de debelar a infecção desenvolvem-se lesões que são facilmente identificadas pelos doentes como as verrugas genitais ou outras que permanecem assintomáticas durante muito tempo como as doenças do colo do útero.
O diagnóstico assenta na observação médica e em exames complementares de diagnóstico. A citologia do colo do útero é o único rastreio universal preconizado. O tratamento não é fácil pois não existe um medicamento que elimine o vírus. De um modo geral, a terapêutica incide sobre as lesões existentes, daí a importância da sua identificação precoce.
(Imagens: http://www.google.pt/imgres?imgurl=http://www.corposaun.com/wp-content/uploads/2010/11/HPV-c%C3%A2ncer.jpg&imgrefurl=http://www.corposaun.com/virus-hpv-pode-causar-danos-em-boca-e-garganta/12070/&usg=__6jpajtKgk6VUzjABi9PQR5TUoes=&h=296&w=325&sz=154&hl=pt-PT&start=0&zoom=1&tbnid=yNUNQtOQPFYrUM:&tbnh=117&tbnw=128&ei=X6IJToGwCYOk8QOOv9ho&prev=/search%3Fq%3Dhpv%26um%3D1%26hl%3Dpt-PT%26safe%3Doff%26sa%3DN%26biw%3D1280%26bih%3D568%26tbm%3Disch&um=1&itbs=1&iact=rc&dur=94&page=1&ndsp=22&ved=1t:429,r:5,s:0&tx=126&ty=68; http://www.healthwatchcenter.com/wp-content/uploads/2007/09/hpv.jpg)

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Maturação pulmonar

A idade gestacional (IG) normal para o parto está compreendida entre as 37 e as 42 semanas e 0 dias. No entanto, por vezes os bebés nascem antes do tempo (5-10%) e são designados de prematuros. A sua evolução clínica e a sua futura qualidade de vida dependem de vários factores como a IG, o peso e o motivo que condicionou o parto antecipado.
Uma das intervenções obstétricas que se revestiu de enorme sucesso na melhoria do prognóstico destas crianças consiste na estimulação da maturação pulmonar fetal. A ideia subjacente é acelerar o amadurecimento dos pulmões, reduzindo as complicações neonatais (dificuldade respiratória, hemorragia cerebral, enterocolite necrotizante e morte). Esse propósito é alcançado medicando as grávidas com betametasona, um fármaco que pertence à família dos corticóides. Advoga-se que a medicação seja dada quando existe uma elevada probabilidade de o parto ocorrer antes do tempo (rotura da bolsa amniótica, ameaça de parto pré-termo e certas patologias materno-fetais como a pré-eclâmpsia e a restrição do crescimento fetal) e quando a grávida apresenta uma IG entre as 24 semanas e as 34 semanas e 6 dias. Certas situações requerem uma abordagem individualizada como, por exemplo, o feto polimalformado em que é admissível não intervir.
A administração é feita por via intramuscular e implica duas doses de 12 mg com um intervalo de 24 horas. Embora o efeito máximo seja verificado após a 2.ª toma, existe algum benefício quando o bebé nasce menos de 24 horas após a 1.ª dose. Apesar de ser um tema controverso, a repetição de ciclos de corticóides não é defendida pela maioria dos protocolos. Existem poucas contra-indicações como, por exemplo, infecção materna muito grave. Uma das complicações frequentes é o descontrolo metabólico das grávidas diabéticas.
Quando estiver numa situação em que é provável o parto ocorrer entre as 24 e as 34 semanas e 6 dias, discuta com o seu médico a estimulação da maturação pulmonar e se é possível aguardar pelo seu benefício máximo (após a 2.ª dose).
(Imagem: http://www.lungcarecenter.com/images/lungs.gif)

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Conização

A conização é um procedimento cirúrgico realizado com bisturi, LASER ou ansa diatérmica que possibilita a terapêutica de lesões do colo do útero. Independentemente da técnica, o objectivo é remover uma fatia de colo uterino, englobando a lesão que se pretende excisar. A conização está indicada, por exemplo, nas lesões displásicas graves do colo (CIN 2 e 3) e nas lesões de baixo grau (CIN 1) muito extensas ou que se prolongam para o canal cervical.
Descreve-se a conização com recurso a ansa diatérmica. A doente posiciona-se na marquesa ginecológica e o médico introduz um espéculo metálico acoplado a um extractor de fumos. Após a observação do colo com o colposcópio é seleccionada a ansa a utilizar: trata-se de um filamento metálico em forma de semi-elipse ou semi-circunferência fixo a um manípulo, por sua vez ligado a uma fonte de energia eléctrica. Administra-se um anestésico local no colo do útero: é natural ocorrer uma sensação de picada e um desconforto caracterizado por palpitações e tremores. Em seguida o médico liga o extractor de fumos e activa a ansa no modo “corte”, passando-a na zona de colo a remover. É importante que, nesta fase, a doente fique imóvel. Recolhe-se, também, uma amostra de células do canal cervical com escovilhão ou cureta e todo o material é enviado para exame histológico. A ansa é retirada do manípulo, sendo substituída por um dispositivo que permite estancar a hemorragia através da energia eléctrica. No final do procedimento confirma-se que não existem zonas de sangramento e o material é removido. Nas quatro semanas após a conização a mulher não deve introduzir tampões, tomar banho de imersão, frequentar piscinas ou ter relações sexuais. Neste período é normal haver um corrimento mais abundante.
As complicações são pouco frequentes e incluem hemorragia, infecção e traumatismo da bexiga e da vagina por toque acidental da ansa activada. A conização torna o colo mais curto e há maior risco de abortamento do 2.º trimestre e parto pré-termo.
(Imagem: http://my.clevelandclinic.org/PublishingImages/HIC/hic-leep-procedure.gif)