quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Quanto tempo dura uma gravidez?


A correcta datação de uma gravidez é fundamental para se obter um desfecho materno-fetal favorável. A programação dos exames complementares de diagnóstico e a tomada de decisões clínicas requer o conhecimento do tempo de gestação. Popularmente diz-se que uma gravidez dura 9 meses e, embora isso não esteja longe da verdade científica, é mais acertado afirmar-se que uma gestação dura 280 dias, ou seja, 40 semanas. O início da contagem corresponde ao primeiro dia do último período menstrual e não está, de modo algum, relacionado com o dia da ovulação nem da fecundação. Existem programas informáticos e calendários circulares que auxiliam o cálculo. Há um processo simples de determinar, aproximadamente, o dia em que a grávida completa 40 semanas; trata-se da regra de Naegele que consiste em subtrair 3 ao mês (em certas datas poderá ser mais fácil somar 9) e somar 7 ao dia da última menstruação (exemplo: primeiro dia da última menstruação a 14/05/2009, logo, completará as 40 semanas a 21/02/2010).
A datação com base nos ciclos menstruais pressupõe a sua regularidade e o registo minucioso dos períodos menstruais. Surgiu então a necessidade de utilizar um método com maior precisão: a medição do embrião através de uma ecografia precoce. O seu fundamento reside no facto de os embriões desenvolverem-se a igual ritmo numa fase inicial; a precisão da datação ecográfica esvanece-se à medida que a gravidez avança. Uma vez mais, a idade gestacional fornecida pela ecografia não está relacionada com o dia da fecundação ou da ovulação.
A gravidez, o amadurecimento do bebé e o início do trabalho de parto não são fenómenos matemáticos, daí que se considere que o “termo” da gravidez inicia-se às 37 semanas + 0 dias e prolonga-se até às 42 semanas + 0 dias. Antes desse intervalo de tempo nascem os bebés pré-termo ou prematuros e, após esse período, a gravidez designa-se de prolongada ou pós-termo.
(Imagem: http://www.i-am-pregnant.com/img/pw1.GIF)

DIU


O dispositivo intra-uterino (DIU) é um eficaz método contraceptivo, amplamente difundido em Portugal. Consiste numa estrutura cuja forma varia segundo a marca comercial, que contém uma haste de cobre e cuja duração pode atingir 5 anos. O mecanismo de acção envolve a criação de um ambiente hostil para os espermatozóides e óvulos a nível do útero e das trompas de Falópio. Ao contrário dos métodos hormonais, não impede a ovulação.
A inserção é efectuada num consultório, preferencialmente durante o período menstrual. A mulher posiciona-se na marquesa ginecológica e o médico desinfecta a sua vagina. Seguidamente, coloca uma pinça no colo do útero, introduz um instrumento (histerómetro) para medir o tamanho daquele órgão e, tendo em conta esse valor, insere o DIU de acordo com as especificações da empresa que o produz. No final do procedimento ficam apenas visíveis dois fios, exteriorizados através do colo do útero, que permitem a remoção segura do DIU e não afectam a vida sexual. Todo o processo é um pouco desconfortável, requer uma adequada colaboração por parte da mulher e torna-se mais fácil se já tiver ocorrido um parto vaginal.
Trata-se de um método que não requer uma lembrança diária ou semanal, não é afectado por vómitos ou diarreia, pode ser utilizado em mulheres com contraindicação para métodos hormonais, não interfere com a amamentação, tem uma eficácia logo após a colocação e permite retomar a fertilidade imediatamente após a remoção. Por outro lado, está associado a alguns riscos como a perfuração do útero, deslocação do aparelho e perda de eficácia, doença inflamatória pélvica, aumento da probabilidade de gravidez ectópica caso a mulher engravide, irregularidades menstruais, aumento do fluxo e dor pélvica. O DIU não protege contra as infecções sexualmente transmissíveis.
Antes de optar por um determinado método contraceptivo, discuta com o seu Ginecologista os riscos, benefícios e alternativas.
(Imagem: http://www.nlm.nih.gov/medlineplus/ency/images/ency/fullsize/17078.jpg)

Diabetes Gestacional: tratamento


Após o diagnóstico de diabetes gestacional (DG) é fundamental que a gravidez passe a ser vigiada por um Obstetra e não apenas nos cuidados primários de saúde. Em primeiro lugar há que avaliar a glicemia capilar, isto é, os níveis de açúcar no sangue obtido através de picada no dedo. É pedido à grávida que avalie e registe os valores em jejum, antes e depois das refeições. Simultaneamente, é indicada uma dieta, a qual deve ser cumprida com rigor: é aconselhável fazer pequenas refeições várias vezes por dia, os doces estão proibidos e não deve misturar hidratos de carbono na mesma refeição (por exemplo: batata e arroz). Peça ao seu médico uma lista completa dos alimentos permitidos e dos que não estão recomendados.
Quando os níveis de glicemia capilar continuam elevados apesar dos cuidados dietéticos, o seu médico irá receitar insulina, uma hormona injectável que ajuda a baixar os níveis de açúcar no sangue. A insulina pode ter dois tipos de actuação: rápida e prolongada no tempo. É indispensável que compreenda correctamente qual o tipo de insulina a administrar, quando, como e em que dose. Pode colocar a sua vida em risco se se injectar de modo incorrecto.
Durante o trabalho de parto, para além da monitorização da frequência cardíaca do bebé e das contracções do útero, é vigiada a glicemia capilar e pode ser necessário adicionar insulina ao soro endovenoso. A equipa médica irá avaliar a progressão da dilatação e da descida da cabeça do bebé, a estimativa de peso e o bem-estar fetal, decidindo se existem condições para um parto por via vaginal ou se está indicada cesariana. Os bebés de mães com DG são mais pesados e precisam de uma vigilância rigorosa nas primeiras horas, incluindo a determinação dos níveis de açúcar no sangue.
Lembre-se que o controlo da DG é extremamente importante para o bebé não entrar em sofrimento e desenvolver-se adequadamente antes e após o nascimento.
(Imagem: http://www.pharmaceutical-technology.com/projects/chartres/images/NOVO-2.jpg)

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Anel Vaginal


O anel vaginal é um método contraceptivo. A única marca disponível em Portugal é a Nuvaring®. Trata-se de um anel com 5 cm de diâmetro, transparente, flexível, de textura suave e impregnado com duas hormonas: etinilestradiol e etonogestrel, que são absorvidas pelo organismo, impedem a ovulação e tornam o muco cervical mais espesso.
O anel deve ser introduzido na vagina no 1.º dia da menstruação e removido no 21.º dia do ciclo. Segue-se uma semana de intervalo, durante a qual é previsível que ocorra uma hemorragia. O anel seguinte deve ser colocado no 29.º dia (1.º dia do ciclo seguinte), no mesmo dia de semana em que o 1.º foi inserido. Uma dica prática: assinale num calendário os dias da colocação e remoção.
Quando está bem colocado o anel não é sentido pela mulher, não interfere com a vida quotidiana, nem com a actividade sexual (mesmo usando simultaneamente preservativo), nem com o exame ginecológico. Caso sinta o anel, empurre-o um pouco mais para o interior da vagina. Caso o anel saia, basta passá-lo por água morna ou fria e voltar a introduzi-lo; a sua eficácia não fica diminuída se o intervalo de tempo até à recolocação for inferior a 3 horas. Caso permaneça no exterior mais do esse período, deve consultar o folheto informativo pois as atitudes variam conforme o tempo que esteve no exterior e a semana do ciclo em que se encontra.
Antes de ser prescrito o anel vaginal, o seu Ginecologista irá questioná-la acerca do seu historial clínico e efectuará um exame médico para avaliar se existe alguma contraindicação aos métodos hormonais. Quando lhe for receitado algum medicamento deve informar que é portadora de anel vaginal. Podem ocorrer algumas irregularidades menstruais, dores de cabeça ou tensão mamária durante os primeiros meses. O anel vaginal não protege contra as infecções sexualmente transmissíveis e a mulher retoma a sua fertilidade logo após a interrupção do seu uso.
(Imagem: http://www.planning-familial.org/themes/theme02-contraception/pictos/nuvaring.jpg)

Ecografia do 1.º trimestre



As ecografias realizadas ao longo da gravidez são valiosas e permitem a tomada de decisões em várias circunstâncias. Existem intervalos de tempo considerados períodos chave para o diagnóstico ecográfico. A Direcção Geral de Saúde recomenda que a ecografia do 1.º trimestre seja realizada entre as 11 e as 13 semanas e 6 dias. Mesmo que a grávida já tenha feito uma ecografia anteriormente, deve repeti-la.
Este exame tem vários objectivos e potencialidades. Permite datar a gravidez (determinar o tempo exacto de gestação, uma vez que o cálculo baseado na última menstruação é menos fiável). Avalia se o feto tem boa vitalidade. Possibilita o diagnóstico de uma gravidez de gémeos e, assim sendo, determina o número de placentas e bolsas amnióticas. A maioria das pessoas refere-se, erradamente, à ecografia do 2.º trimestre como a única avaliação morfológica. A ecografia do 1.º trimestre é também um exame morfológico, capaz de observar a anatomia do feto e detectar anomalias no sistema nervoso central, coluna vertebral, membros,... Esta ecografia é uma excelente ferramenta para o rastreio de doenças dos cromossomas como a trissomia 21, através da análise de parâmetros como a translucência da nuca e os ossos do nariz. A medição do colo do útero é importante pois pode levar a que se tomem medidas para evitar um aborto. A análise das artérias uterinas tem interesse para a sinalização dos casos em que há risco de doenças relacionadas com a placenta como a pré-eclâmpsia. Em muitas destas ecografias é possível satisfazer a curiosidade dos pais no que respeita ao sexo da futura criança.
Como se pode constatar são muitas as aplicações da ecografia do 1.º trimestre, sendo fundamental realizá-la no período acima referido. Preferencialmente deve planear a sua gravidez e, logo que engravide, deve recorrer a uma consulta médica de forma a organizar os exames de rotina da vigilância da gestação.
(Imagem: http://www.childrenscentralcal.org/HealthE/PublishingImages/em_2614.jpg; http://www.obgyn.net/US/news_articles/worrall/Nuchtran.jpg)

Síndrome do Ovário Poliquístico


A síndrome do ovário poliquístico (SOP) é uma doença endócrina benigna que afecta 5 a 10% das mulheres e envolve uma disfunção do hipotálamo, hipófise e ovários. O quadro clínico destas doentes caracteriza-se por obesidade, hirsutismo (excesso de pêlos), acne, oligomenorreia (intervalos de tempo superiores a 35 dias entre os períodos menstruais), amenorreia (ausência de menstruação), presença de muitos quistos de pequenas dimensões nos ovários e dificuldade em engravidar.
A colheita da história clínica deve ser cuidadosa e engloba perguntas sobre o problema actual e sobre o historial médico da doente. Segue-se o exame objectivo geral e ginecológico. Perante a suspeita de SOP o seu Ginecologista irá solicitar algumas análises e uma ecografia pélvica.
O tratamento incide sobre diversos aspectos. É importante uma redução do peso e a adopção de estilos de vida saudáveis. Tendo em conta que as manifestações exteriores (acne e hirsutismo) resultam do excesso de androgénios, a administração de medicamentos que os reduzem é uma parte da terapêutica; como 1.ª linha estão indicados alguns tipos de pílula contraceptiva. A ausência de longos períodos sem menstruação, no contexto de SOP, é um sintoma a valorizar pois o risco de proliferação do endométrio (camada que reveste o interior do útero) é grande, podendo originar uma neoplasia. Os medicamentos à base de progesterona e combinações de progesterona e estrogénios são opções com bastante êxito. Por fim, surge a questão da infertilidade: é fundamental uma avaliação completa do casal para averiguar se existem outros factores envolvidos; quando o problema é apenas a SOP, a administração controlada de indutores da ovulação é suficiente na maioria das situações.
Caso tenha ou suspeite ter SOP deve ser acompanhada numa consulta de Ginecologia para observação médica, orientação terapêutica e prevenção de complicações.
(Imagem: http://1.bp.blogspot.com/_6IRe-78zscA/STfNKeeypGI/AAAAAAAACFg/l3NZmX3Av58/s400/pcos3.JPG)